ARTIGOS

02.02.15

Energia Elétrica em 2015

Treze anos após o apagão que abateu o Brasil, a indústria nacional revive a expectativa de racionamento de energia elétrica. Segundo especialistas do setor, este possível apagão pode dar sinais em 2015.

Além da restrita capacidade de geração, ou seja, da falta de usinas, outro fator que preocupa é a falta de chuvas, uma vez que 70,6% da energia gerada aqui é obtida a partir de usinas hidrelétricas.

Empresas especializadas dizem que mesmo que ocorram chuvas acima da média, o nível dos reservatórios destas hidrelétricas pode não aumentar suficientemente para atender a demanda do país.

Atualmente, o nível dos reservatórios da região sudeste, que correspondem a cerca de 70% da capacidade de gerar energia no país, estão com uma capacidade média de 19,72% segundo o Operador Nacional do Sistema - ONS, estando no menor nível desde o racionamento de 2001.

Segundo o Balanço Energético Nacional – BEN 2014, o consumo de energia elétrica pela indústria brasileira corresponde, atualmente, a 34,4% de toda a energia consumida, seguido pelo setor residencial com 20,5% e pelo setor comercial com 13,8%. Portanto, o setor industrial é o segmento que mais consome energia no país.

Sabe-se também que a energia elétrica é um importante insumo para a indústria e, por este motivo, um eventual racionamento pode ter repercussão direta na geração de riquezas do país pois pode estrangular a produção ou mesmo reduzir a competitividade internacional devido ao aumento dos custos decorrentes do acionamento de usinas termoelétricas.

A consultoria LCA Consultores estima que se houver uma redução de 15% na geração de energia em 2015, o impacto no PIB pode chegar a cerca de -2,1%.

Com isso, percebe-se que necessitamos rever nosso planejamento energético, considerando a inclusão de outras fontes de energia para que não fiquemos reféns do famigerado São Pedro uma vez que as chuvas têm levado a culpa pelo baixo nível dos reservatórios.

Evidentemente o clima não pode ser controlado por governos. Por outro lado, o planejamento energético pode e deve ser minuciosamente detalhado e executado de forma que o sistema de geração de energia fique menos dependente das chuvas, evitando assim eventuais racionamentos ou mesmo apagões.

No entanto, vale lembrar que a geração de energia elétrica a partir de usinas hidrelétricas é uma das formas mais baratas de gerar energia atualmente. Qualquer outro método de geração de energia hoje conhecido fará com que o custo da energia aumente ainda mais, tornando os custos de produção ainda mais altos para a indústria nacional - indústria esta que está sujeita a uma tarifa de energia que chega a ser 50% maior do que a média mundial, segundo a FIRJAN.

Portanto, mesmo com os entraves burocráticos e gerenciais que paralisam o país, é imprescindível que o governo volte sua atenção para a questão da geração de energia elétrica para que não seja este mais um motivo para frear a nossa economia já tão enfraquecida.

Diogo A. S. Ongaratto | Eng. Eletric. e Seg. Trab. | Espec. em Eficiência Energética | CREA/RS 167713

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